
De Volta Para o Futuro (Back to the Future no original) foi um dos filmes definitivos dos anos 80, e marcou toda uma geração com suas doses maravilhosamente bem equilibradas de humor, ficção científica, ação e aventura. O filme deu início a uma trilogia muito bem sucedida e reintroduziu a viagem no tempo no imaginário popular. Um DeLorean que viaja no tempo, skates flutuantes, Michael J.Fox tocando Johnny B.Good na guitarra, carros voadores … são tantos os ícones consagrados por essa série de filmes que chega a ser difícil listá-los.
Como seria natural, o sucesso nas telonas levou ao lançamento de uma série de games baseados no filme. Apesar da conhecida regra de que os games baseados em filmes tendem à mediocridade, o caso de Back to the Future é um dos mais tristes de que se tem notícia: de todos os games baseados no primeiro filme, simplesmente não existe NENHUM que presta!
Duvida? Então acompanhe nossa retrospectiva …
Lançado pela Software Images em 1985 (mesmo ano de lançamento do filme), o primeiro game baseado em De Volta Para o Futuro saiu para alguns microcomputadores da época, como Spectrum e Commodore 64, sem grandes diferenças entre as versões. Mais do que pelos gráficos pobres, o jogo era marcado pela jogabilidade abominável.
Basicamente, o cenário se resume a uma rua com cinco prédios um do lado do outro: a casa do cientista Doc Brown, a escola, o city hall, o salão de baile e o café.
Você encarna Marty McFly e precisa passear por estes lugares em busca de cinco objetos (um poema, uma xícara de café, uma guitarra, um traje anti-radiação e um caixote de madeira que serve pra fazer um skate). Aleatoriamente, ficam passeando pela rua quatro pessoas: os jovens pais de Marty, o vilão Biff Tannen e Doc Brown.
O objetivo é fazer com que os pais de Marty se cruzem e passem a maior parte do tempo juntos. Quanto mais eles ficam juntos, mais pedaços da sua foto aparecem (quando a foto ficar completa, Marty pode pegar a máquina do tempo e voltar para 1985). O contrário acontece se a mãe de Marty esbarra nele, portanto é preciso evitá-la tanto quanto possível. Por fim, se Biff cruza com Marty pelo caminho, aproveita para socar o herói (isso pode ser evitado caso Marty esteja com o skate).
O game é virtualmente injogável. Os gráficos são horríveis, a jogabilidade limitadíssima e elementos essenciais para o sucesso do objetivo são absolutamente aleatórios e independem da vontade do jogador. Tanto a versão para Spectrum quanto a do C64 foram devidamente massacradas pela mídia especializada já na época de seu lançamento. Quer dizer: esse game era uma MERDA para os padrões vigentes no ano de 1985! E aí, vai querer encará-lo hoje?

BACK TO THE FUTURE (MSX, 1985)
O MSX era um microcomputador sensivelmente superior ao Commodore 64 e ao Spectrum, então poderia ter recebido um jogo melhorzinho baseado no filme. De certa forma isso aconteceu. O jogo do MSX é completamente diferente da versão do Spectrum e é superior àquele. Mas isso se deve mais ao fato de que o jogo do Spectrum é horrível demais, enquanto que o do MSX é “só” ruim.
Apesar do visual retardado e da jogabilidade repetitiva e desinteressante, o Back to The Future do MSX pelo menos tem o mérito de funcionar dentro do que se propõe e de ser jogável – o que já é muito mais do que se pode dizer do game do Spectrum.

BACK TO THE FUTURE (NES, 1989)
Lançado quatro anos depois do filme, era de se esperar que Back to the Future para o Nintendo 8-bits fosse a redenção do filme, que finalmente poderia se orgulhar de ter originado um game que presta. Mas não foi dessa vez. O jogo não chega a ser tão abissalmente ruim quanto as versões Spectrum e MSX, mas não fica muito longe em termos de frustração.


Em termos de mecânica, o Back to the Future do NES é a versão que menos tem qualquer coisa a ver com o filme. Aparentemente, os programadores não tinhamnenhuma idéia de como fazer um game relacionado com a história do filme, e colocaram Marty para sair recolhendo relógios pelas ruas que nem um catador de lixo, já querelógio tem a ver com o tempo e tempo tem a ver com viagem no tempo. Entendeu a relação? Eu também não.
Quando um dos inimigos chega até o balcão, pega Marty pelo colarinho e o atira contra a parede. E sabe o que acontece daí? Mais fases de andar pela rua recolhendo relógios!
Abominável. Inacreditável. De chorar. Passe longe!